quarta-feira, 9 de maio de 2018

Quando eu perco o sono...

"Quando as coisas quebram, não é a quebra real que os impede de voltar a ficar juntos novamente. É porque um pequeno pedaço se perde - as duas extremidades restantes não poderiam caber em conjunto, mesmo se quisessem. A forma inteira mudou." John Green
Sobre esse trecho do autor John Green... Que as coisas mudam e vão mudar ainda mais, já sabemos. Tentar voltar não é uma opção, por melhor que o passado tenha sido. A solução é olhar para o que temos, a "forma modificada" e saber o que fazer com ela.

Vejo as horas passando e embora com sono, não consigo dormir. Pensando nos últimos anos, na piora que tive no meu corpo esclerosado. Talvez por falta de cuidado, ou por apenas ter envelhecido, o que é inevitável. Fecho os olhos e sinto medo do futuro, medo do quanto ainda possa piorar. Sinto um aperto no peito.

Mas ao mesmo tempo lembro de uma amiga que tive anos atrás. Trabalhava comigo, nos apegamos rápido. Ela foi almoçar e voltou com um clips da Hello Kitty. "Lembrei de ti e tive que comprar", ela disse. Em uma sexta-feira nos despedimos normalmente, mas no final de semana ela sofreu um acidente de moto e não sobreviveu;

Lembro de após dias sem vê-la, minha avó me viu e pediu para eu não demorar para visitá-la. Ela estava linda, de roupão rosa, fofinho, posso sentir o cheiro dela agora. Era um sábado. No domingo eu estava no cinema e me ligaram avisando que ela falecera;

Lembro de uma mãe/amiga, que carinhosamente eu chamava de tia, passou mal e foi para o hospital. Precisou de cirurgia e não sobreviveu aos procedimentos;

Lembro de um pequeno príncipe, querido, com apenas 5 anos, se engasgou comendo, precisou de socorro e nos deixou após dias em coma;

Lembro de um sogro amado, que lutando contra seu corpo enfermo, foi mais uma vez internado e por complicações, não saiu do hospital desta vez;

Lembro do meu pai, de receber a notícia "vem pra te despedir" e abraçá-lo sabendo que era a última vez.

Diante de tantos que me foram arrancados, com força, me ferindo completamente, ao ponto de doer para sempre, só consigo pensar que não importa como ou onde, desde que eu tenha muitos dias para viver. E quem sabe o futuro só me assuste até se tornar o presente.

Sou do tipo que sorri mesmo destruída por dentro e que escreve para desabafar.

Acho que agora vou conseguir dormir.