quinta-feira, 8 de fevereiro de 2018

De louco todo mundo tem um pouco

"Mas eu não quero me encontrar com gente louca", observou Alice.
"Você não pode evitar isso", replicou o gato.
"Todos nós aqui somos loucos. Eu sou louco, você é louca".
"Como você sabe que eu sou louca?" indagou Alice.
"Deve ser", disse o gato, "Ou não estaria aqui".


Recentemente descobri que estou no fundo do poço. E não pense que isso me chateou, peguei um livro e comecei a ler, pois não vejo problema algum em estar sozinha, desde que não me falte livros e Coca-Cola. Isso não pode ser depressão, se para mim, considero um paraíso. O problema é que para a sociedade, meu paraíso é um problema. Resolvi procurar ajuda. Conversei com meu médico, foi quando fui afastada do trabalho e o trabalho dele começou em tentar compreender onde eu preciso de ajuda. Como posso dizer "onde dói", se está tudo bem?

Há uma infinidade de pessoas nesse mundo, todas possuem problemas e são malucas à sua maneira. Então, por que o que me faz bem, tem que ser considerado "anormal"? Não consegui responder essa pergunta e para cada um ela deve ter um significado diferente. Não quero entrar nesse mérito. O que preciso contar é que esses dias pude pensar e "diagnosticar onde dói".

Comecei a trabalhar com quase 16 anos. Lembro que na empresa haviam vários serviços, mas de um em especial, eu morria de medo. Chamava "A mesa de cheques". Nessa mesa eram feitos todos os pagamentos, de toda as filias da empresa, do Brasil inteiro, que precisavam ser feitos em agências dos bancos, que não poderia ser feito pela internet. A responsabilidade daquilo me assustava tanto, que pedia a Deus pra nunca precisar chegar perto daquela mesa. Mas é claro que com o tempo eu me vi sentada sozinha lá, desesperada. Acho até que o desespero exalava pelos meus poros. A pessoa responsável havia faltado e sobrou para eu preparar os pagamentos. Eu sabia o que fazer, sabia como fazer, mas tentava fazer tudo ao mesmo tempo e tudo estava saindo errado. A minha chefe na época (se estiver lendo isso, vai se lembrar. hehe), parou na minha frente e falou "Se desesperar e fazer tudo ao mesmo tempo não vai te ajudar." Talvez você ache que ela tenha sido insensível, eu era apenas uma criança, mas meus queridos, ela salvou a minha vida. Eu parei, respirei e entendi que separar as situações e trata-las individualmente, facilitaria bastante.

Amanhã tenho retorno no médico e obviamente estou igual. Não vou conseguir enganá-lo, dizendo que fiz algo além de ler e beber Coca-Cola nesses últimos dias, então resolvi fazer uma lista dos motivos que me fazem querer estar no fundo do poço, por ordem de prioridades. É impossível resolver todos os problemas da vida, mas quando olhamos para um de cada vez, ficamos surpresos com o mar de possibilidades que surgem. 

1º Minha mão esquerda vem perdendo a força há um pouco menos de 6 meses, também sinto dormência nela e ela fica rígida, do nada, sem explicações;
2º Meu pé esquerdo sempre foi o mais fraco, mas ultimamente está pior. Às vezes eu ando e ele não, aí eu tropeço e já caí uma vez por causa dessa palhaçada;
3º Me sinto fraca, não consigo levantar para cozinhar e acabo não comendo ou comendo bobagem;
4º Por estar fraca, também não consigo fazer os exercícios, fisioterapia 0;
5º Sinto meu corpo rígido, tenso, quase o tempo inteiro;
6º Tenho sentido dores nas pernas, sei que isso é um avanço, já que no começo eu não sentia as pernas, mas dor nunca é legal;
7º Sinto vontade de fazer xixi o tempo todo, até quando não há mais xixi. Isso me irrita profundamente. Passo um tempão na privada, sem que caia um pingo de xixi. Síndrome do xixi fantasma;

Se eu conseguir equilibrar esses 7 pontos, acredito que posso seguir e cuidar dos motivos emocionais, que vou deixar para listar outro dia.

Ensinamento do dia?
Resolva um problema de cada vez.
Pronto. Já me sinto mais leve para conversar com o médico amanhã! Como eu amo esse diário.